quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

SOMOS O QUE ESPERAM DE NÓS?


ZERO HORA 07/12//2006


NEI ALBERTO PIES/ Professor da rede estadual e militante de direitos humanos



Não somos somatórios, somos o resultado do que construímos como pessoa humana. Desde quando concebidos, giram em torno da gente muitas expectativas dos outros e, também, nossas. Este conjunto de expectativas, assumidas ou não, vai constituindo o ser humano que somos, sempre em construção. Esta construção se orienta nas possibilidades de relações (sociais e de conhecimento) que nos são permitidas vivenciar e através das escolhas que fazemos.

Como seres de e em relação, devemos cuidar bem de nossa primeira morada, o nosso corpo. Pois, diferente do que muitos apregoam, somos corpo antes de termos um corpo. É o corpo que materializa a nossa existência e condição de ser humano.

A individualidade, que caracteriza os humanos, é uma das maiores dádivas da humanidade. Imaginar que somos únicos num universo de bilhões de pessoas, no entanto, não nos permite uma vida autocentrada, mas uma vida compartilhada. E esta vida compartilhada inclui, além dos humanos, todas as demais formas de vida que coexistem no planeta. Em busca de equilíbrio socioambiental, o respeito à vida é a base para a construção de uma vida satisfatória para todos.

O resultado, aquilo que somos, carrega as peculiaridades que passam pela nossa constituição física e biológica, mas também pela nossa constituição social. É por conta dessas peculiaridades que deveríamos ser conhecidos e reconhecidos pelos demais. No entanto, não raras vezes, a nossa história de vida, que engloba ambas as constituições, não é considerada como parte do nosso conhecimento construído e acumulado.

Nossas histórias de vida são verdadeiros pilares para a nossa constituição de seres de conhecimento. Por isto mesmo, deveríamos ser mais oportunizados a conhecer e reconhecer nossas histórias, como também deveríamos ser vistos pelos outros a partir de nossas necessidades e potencialidades reais, que constituímos ao longo de nossa existência.

Por sermos únicos, em nossa constituição física e social, desenvolvemos maneiras singulares de ser e agir. Por conta desta realidade, não poderiam, e nem podem, esperar da gente aquilo que não podemos dar. Cada um de nós só pode dar o melhor de si, o que é o resultado da conjugação das diferentes relações que vivenciamos.

Definitivamente, não somos, e nem podemos ser, aquilo que esperam de nós. Ao contrário da homogeneização pretendida na atualidade, carregamos todos a riqueza de uma vida singular e própria. A humanidade precisa, urgentemente, compreender que a palavra de ordem não pode ser tornar todo mundo igual quando todo mundo se faz diferente.

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